Adoro pensar em analogias para explicar as coisas, mas, por mais que eu pensasse, não consegui uma para As esganadas. Então vou contar de forma mais direta o que aconteceu.
Nada. Nada aconteceu. Não foi nem bom, nem ruim, ler essa trama policial (?). Já de cara, Jô Soares conta quem é o assassino em série das gordinhas dum Rio de Janeiro do final da década de 1930. O que se passa nas páginas seguintes é o grupo de policiais tentando descobrir a identidade do assassino das gordas que você, leitor, já sabe desde o início.
Mas você continua lendo porque imagina que, já que o assassino foi revelado de cara, a trama deve sofrer algum tipo de reviravolta. E como o estilo de escrita não chega a ser algo odioso – é simplesmente ok -, você vai lendo, à espera do sonhado plot twist. Só que ele simplesmente não acontece. Quando se dá conta, você percebe que gastou algumas horas – poucas, é verdade, já que é possível lê-lo em uma única sentada – numa história que você já sabia desde o início que iria acontecer. Sem finais reveladores, sem choque, sem entusiasmo, sem nada.
Pensando bem, acho que já sei uma boa analogia. Ler As esganadas foi como comer pipoca. Eu não tenho uma paixão avassaladora por pipoca. Dificilmente me levantaria do sofá para fazer uma bacia de pipoca. Mas se a bacia estiver ali, cheia, vou comendo, até acabar.
Uma vez uma amiga me disse que pipoca não vale à pena porque nem é tão bom assim e uma xícara de pipoca tem, tipo, mil calorias. À isso eu acrescento o fato de ainda ficar com pelinhas agarradas na boca.
Um ponto positivo da história é que Jô utiliza personagens reais, como Getúlio Vargas, de maneira ficcional. Inventa diálogos e situações irreais para personagens históricos. Chega a ser divertidinho.
O ponto negativo – além de ser um livro sem sal – é a necessidade que o autor tem de explicar cada piada feita. Jô Soares deve imaginar que os leitores não estão à altura de sua inteligência e conhecimento.
O que? As esganadas
Quando? 2011
Páginas? 259
Senti a mesma coisa em “Assassinato na Academia Brasileira de Letras”. Apesar de ter contado quem era o assassino só no final do livro, é tudo tão previsível que acho que seria melhor se ele tivesse falado no começo. Um livro policial tem que ter sobressaltos, revelações, coisas que o leitor nunca teria imaginado. Jô Soares não tem nada disso. E insiste.
Pois é!!!! O “assassinato…” eu não li, mas o “Xangô…” eu lembro de ter achado bem chatinho também quando li…! Vamos iniciar a campanha: Jô, largue as tramas policiais, ou a literatura, sei lá…
Hahaha. E o programa de TV também?!
Não seria uma má ideia…mas pra não deixar o cara a míngua também, eu recomendaria que ele ao menos passasse a pesquisar um pouco a vida do entrevistado antes de cada programa pq, putz, ele dá muita manota!
Eu amo pipoca…. hahaha.
Essa analogia não serviria no meu caso. haha